sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Lesbofobia na internet [!!!]





 
Lesbofobia na internet

sábado 28 de agosto de 2010, por Fernanda Estima

Não são poucos os exemplos que podemos encontrar em sites, blogs e
redes sociais como o orkut. Uma das comunidades que defende estupro
está na mira das mulheres e da justiça


A internet é uma poderosa ferramenta, muito útil para a luta
feminista, gerando debates, informação e articulação de mulheres em
todo o mundo. Mas também pode ser uma das fontes mais disseminadora de
ataques machistas na rede, de preconceitos e ódio contra as mulheres.
Não são poucos os exemplos que podemos encontrar vasculhando sites,
blogs e redes sociais como o orkut.

Há poucos dias, em uma lista de comunicação compartilhada, apareceu
nova denúncia: uma comunidade do orkut que defende o "estupro
terapêutico", uma medida para "salvar" lésbicas. Junto com ela vinha
outras "opções", e, de acordo com a mensagem enviada "há uma cadeia
absurda de comunidades "policial não bate, educa"/ "beleza afro" (com
uma loira na foto)/ "mulher tatuada é puta"/ "eu tenho horror a
pobre"/ e por aí vai! Tem algo em comum: nessas comunidades tem sempre
algum "H.D.B"- homem de bem! E tem um tal de Tabelião Carlos, que
modera uma ou outra...".

A denúncia rodou por aí com muitas pessoas se manifestando, opinando e
ajudando. Depois descobrirmos que a tal comunidade não era novidade e
órgãos do governo federal, como a Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres, exigiram providências. No boletim de maio/junho da
SPM consta que "o fórum da referida comunidade está repleto de
discussões discriminatórias, racistas, machistas e lesbofóbicas. A
mais grave, no entanto, demonstra que o preconceito e a intolerância
não se bastam em discussões virtuais, chegam à vida real. Em tópico
denominado 'Estamos agindo em Brasília' contém relato de ações
efetivas do grupo. De acordo com depoimento de um ex-integrante, o
grupo ia a locais frequentados por homossexuais e atraia uma vítima
para uma emboscada. De lá, a levavam à base do grupo, onde a vítima
era obrigada a manter relações sexuais com uma pessoa do sexo oposto a
fim de 'corrigir' sua orientação sexual".

A denúncia feita pela SMP, no dia 5 de março deste ano, foi enviada à
Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público
Federal, e ao Diretor Geral da Polícia Federal, para ciência e
possíveis providências. A Coordenadoria do Grupo de Combate aos Crimes
Cibernéticos enviou ao Promotor do Ministério Público do Estado de São
Paulo sugestão de que a Google Brasil Internet Ltda retirasse do ar a
comunidade, mas que a totalidade de seu conteúdo fosse preservado a
fim de que, mediante autorização judicial, pudessem ser requeridos os
dados de acesso dos proprietários, moderadores e responsáveis por
algumas postagens criminosas da comunidade.

Pelo jeito, são ações lentas e a comunidade em questão continua no ar.
Há formas de denunciar no próprio orkut, que até agora não se
manifestou. Há delegacias especializadas, é possível (como também foi
feito) denunciar à Secretaria de Direitos Humanos, mas um dado é
bastante importante: segundo o IAB Brasil, os homens representam a
maioria dos usuários de internet, com 54% de representatividade.

Então, o caminho mais imediato é empoderar as mulheres a partir das
novas tecnologias e travar uma batalha diária na internet, de caça,
denúncia e debate sobre o machismo na rede. Até porque, se não
barramos no mundo virtual, sem dúvida, o fortalecemos na vida real.


 

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