sábado, 9 de abril de 2011

Governador e deputados saem em defesa de kit anti-homofobia

 Governador e deputados saem em defesa de kit anti-homofobia

Anastasia diz que as diversidades precisam ser reconhecidas

As declarações feitas pelos deputados Vanderlei Miranda (PMDB) e João Leite (PSDB), no plenário da Assembleia Legislativa, afirmando que os kits anti-homofobia do governo federal levam crianças a se tornarem homossexuais foram duramente criticadas por parlamentares, repercutindo, inclusive, na Câmara dos Deputados.

O deputado federal e membro da frente parlamentar Mista pela Cidadania LGBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais), Jean Wyllys (PSOL-RJ), declarou que os dois parlamentares mineiros desconhecem a proposta do governo federal. "Ao contrário das mentiras contadas propositadamente sobre os kits, eles são parte de uma política pública criada para combater o bullying nas escolas. O objetivo é desconstruir a violência contra gays nas escolas", afirmou.

Durante a 21ª reunião ordinária, Miranda criticou a distribuição do que ele chamou de "kit gay". "Não quero ver meus filhos passeando em um shopping e vendo dois homens se beijando".

O governador de Minas, Antonio Anastasia, também se pronunciou ontem, durante o Congresso do Ministério Público de Meio Ambiente da Região Sudeste. Ele defendeu a distribuição dos kits a 6.000 escolas públicas. "A evolução da sociedade caminha naturalmente para o sentido de reconhecermos as diversidades. Acho que esse é o ponto mais importante, e o governo federal, ao fazer esse kit, caminhou nesse sentido".

Na Assembleia, deputados defenderam a criação de leis específicas para evitar a homofobia. O presidente da comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), classificou os pronunciamentos de Miranda e João Leite como intransigentes. "Eles vão perceber a infelicidade de suas afirmações. A maneira como foram colocadas suas opiniões foi intransigente".

A presidente do Centro de Referência de LGBT do Estado, Valkíria La Roche, classifica como incoerentes as críticas aos kits. "As pessoas precisam começar a entender que as crianças não vivem de olhos vendados para a sociedade".

Resposta. Jean Wyllys também rebateu as críticas feitas por Vanderlei Miranda, que o acusou de "debitar na conta da bancada evangélica" o insucesso na aprovação de políticas públicas em defesa do interesse dos homossexuais. "Qualquer um sabe que o grande entrave é a presença de pessoas conservadoras no Congresso. E uma parcela delas é da bancada evangélica, mas há exceções".




NAS IGREJAS

Marta muda projeto de lei e libera pregação contra gays

 Marta Suplicy busca uma forma para aprovar projeto no Senado

Brasília. A senadora Marta Suplicy, do PT, atual relatora do Projeto de Lei Complementar 122 – que pretende criminalizar a homofobia no Brasil – fez uma alteração substancial no texto que tramita no Senado. Na prática, a alteração permite que pregações em templos e igrejas condenem a homossexualidade. É a forma encontrada pela senadora e seus assessores para que o texto do projeto passe pelos parlamentares evangélicos.

Agora, o projeto deixa claro que a lei não se aplicará a templos religiosos, pregações ou quaisquer outros itens ligados à fé, desde que não incitem à violência. O novo parágrafo diz: "O disposto no capítulo deste artigo não se aplica à manifestação pacífica de pensamento fundada na liberdade de consciência e de crença de que trata o inciso 6° do artigo 5° (da Constituição)".

A liberdade de pregação e culto contra a homossexualidade, preservada pelo novo texto, não inclui as mídias eletrônicas. Isso é: continuam vetados, sob pena de multa, textos, vídeos e falas que condenem a homossexualidade publicados em sites ou transmitidos pela TV.

Minas. Na Assembleia Legislativa, ainda não há um projeto em tramitação que "criminalize" a homofobia. Em contrapartida, a comissão de Direitos Humanos da Casa tem realizado audiências públicas com movimentos sociais e já discute a necessidade da criação de uma lei específica. "O brasileiro ainda não conseguiu enxergar a homofobia como crime. É nosso papel contribuir para isso", declarou o deputado estadual Carlin Moura (PCdoB). (Com AFG)

Orientação sexual não é ensinada

De acordo com o sociólogo da PUC Minas e especialista em violência contra homossexuais, Moisés Augusto Gonçalves, a orientação sexual não é influenciada por fatores externos, mas, sim, por tendências inatas a cada pessoa.

"Não tem como qualquer tipo de material mudar a orientação sexual de alguém. Esse tipo de especulação vem de pessoas que possuem um discurso direcionado". Para ele, a homofobia vem do desconhecimento do que é a homoafetividade. (AFG)


 





Um comentário:

  1. Muito bem, temos que articular, informar e botar a boca no trambone, lutar para que a lei seja aprovada com urgência... e os kit´s cheguem até
    as escolas e façam o seu papel... informar, para superar a ignorância,,, mãe do preconceito...

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