terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

REVISTA DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA


Editorial
2011: Novo ano, novo governo no Brasil: Passado o periodo da campanha eleitoral presidencial 
pautada por declarações controversas de cunho religioso sobre o tema do aborto, iniciamos 2011
com destaque para o manifesto*, com 7 mil assinaturas, entregue para o novo governo. Esse 
documento expressa a indignação pela 
forma como a questão do aborto foi tratada no período eleitoral de 2010 no Brasil, chamando a 
atenção que o aborto é uma grave questão de saúde pública.
Neste sentido, o Ipas Brasil saúda o posicionamento do novo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha 
que, tal qual seu antecessor, afirmou que o governo tratará o aborto como um problema de
saúde pública contribuindo para qualificar o debate na sociedade. Demonstrando uma sintonia sobre 
a forma de abordar o tema,  
o governo tem se manifestado através de outros ministérios como a nova Ministra da Secretaria 
Especial de Política para as Mulheres, Iriny Lopes, que declarou em entrevista: “Não vejo como obrigar 
alguém a ter um filho que ela não se sente em condições de ter. Ninguém defende o aborto, é respeitar
uma decisão que, individualmente,a mulher venha a tomar". Também a Ministra Maria do Rosario, 
da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, considerou ser uma questão de saúde pública.
Refletindo sobre os desafios persistentes e os retrocessos no ano de 2010, destacamos o texto de Beatriz Galli 
“Um balanço retrospectivo e analítico dos direitos reprodutivos em 2010: desafios persistentes”.
É importante ressaltar, nesta edição, o avanço que representa a recente Resolução 1957/2010 do
Conselho Federal de Medicina. Uma grande mudança em relação a normativa anterior está em garantir o
acesso ao tratamento a pessoas que se relacionam com pessoas do mesmo sexo e as solterias, além acesso
ao casal ou mulher infertil. Assim, a resolução inclui um novo rol de pacientes ampliando o acesso ao
tratamento para outras realidades familiares. O outro ponto inovador é a reprodução assistida póstuma, 
exigida a autorização prévia do indivíduo. A Resolução vem preencher uma lacuna juridica e representa um
inegável avanço para os direitos sexuais e reprodutivos, estando de acordo com princípios constitucionais 
da dignidade humana, da igualdade, do livre desenvolvimento da personalidade, além de garantir o respeito
à vida privada e familiar para todas as pessoas independentemente da orientação sexual ou situação civil.
Também, gostaríamos de parabenizar a advogada, professora universitária e uma das fundadoras do Comitê
Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem): Silvia Pimentel -primeira 
brasileira, na história, a assumir a presidência do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra
as Mulheres, ou Comitê Cedaw (sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Muito obrigada
Leila Adesse
IPAS BRASIL
*Errata: O manifesto foi uma iniciativa que partiu de um grupo de pessoas que assinam o documento final 
como iniciadores, as instituições CLAM e SPW apoiaram a iniciativa e passaram a divulgar em seus sites.
Nesta Edição

Artigos On-Line

IPAS GLOBAL

"Las pruebas hablan por sí solas: Diez datos sobre aborto"
Ipas 2010, Chapel Hill, Carolina del Norte: EUA.
BRASIL EM FOCO
"Desejo de filhos"
Debora Diniz - Publicado na Folha de São Paulo em 28/01/2011
DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS "Um balanço retrospectivo e analítico dos direitos 
reprodutivos em 2010: desafios persistentes"Beatriz Galli publicado na 11ª edição do 
Relatório Direitos Humanos no Brasil através da Rede Social. 2010
SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA"A saúde que nós mulheres esperamos"
Ana Maria Costa 2011
REFLEXÕES
"Uma feminista de nome Heleieth"
Carmen Hein de Campos 2010
DESTAQUE
» Brasileira Silvia Pimentel assume presidência de comitê da ONU em defesa da mulher
Informações e Eventos
Ipas Notícias e clippings» Manifesto sobre aborto é enviado à presidenta Dilma
» Estados Unidos: 38 anos após “Roe v. Wade”, Obama reitera compromisso por direito das
mulheres ao aborto
» Mobilização para ajudar as vítimas das chuvas no RJ
» Estupradas demoram para buscar médico; é comum engravidarem e não poderem abortar
» Bioética: Uma arma na cruzada do Vaticano contra os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres
» Irlanda e Chile: novas perspectivas com relação a questão do aborto

Um comentário:

  1. Aproveito para reforçar que devemos mudar a pergunta, pois ninguém é a favor do aborto, nem mesmo quem teve que recorrer a isso. A questão é: Você mandaria para cadeia a mulher que teve que fazer um aborto?
    Rosele Paschoalick
    Enfermeira

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