Contraponto ao post BOICOTE ao filme de Julio Medem
Publicamos um e mail de protesto e pedido de boicote ao filme de J. Medem. De SP recebemos o contraponto da LBLeana Veronica Silveira, que publicamos agora.
Calma calma calma!
Eu assisti esse filme mais de uma vez! Adorei. Linda fotografia, trilha sonora exemplar, duas atrizes em perfeita química e harmonia. Não corroboro com essas críticas à película.
Primeiro - percebemos ao longo do filme que as duas personagens se envolvem num jogo de sedução onde contam histórias que nem sempre são verídicas, aos poucos elas vão se conhecendo e revelando quem realmente são. As histórias do harem e do abuso sexual estão nessa linha, não quero contar detalhes para não desvendar a trama, mas essa crítica presente nesse e-mail tirou totalmente a história do contexto! A questão do abuso sexual, por exemplo, indica como essa abominação causa sérios danos psicológicos, é assim que está presente no filme, não como apologia.
Segundo - filme é obra de arte, não panfleto político! A obrigação da arte é com a própria arte. O filme é como uma pintura, viva e dinâmica, e o diretor usa justamente esse conceito com várias referências a arte renascentista, muito bacana.
Terceiro - um dos pontos interessantes desse filme é a nudez das atrizes. Elas passam o filme quase todo nuas, mas os diálogos, o desenrolar da trama, tira o foco disso. Medem (des)erotizou o corpo feminino e buscou revelar toda sua dimensão humana: as dores, os prazes, medos, esperanças... o sexo e a sensualidade são só aspectos, menos importantes até, da complexidade humana. Julio Médem fez isso muito bem e invertendo justamente os papéis que se esperam de suas belas mulheres... elas não são objetos eróticos no seu filme.
Quarto - e não existem lésbicas, européias e brancas? Por serem européias e brancas não são dignas de nossas bandeiras? Militância seletiva, é isso mesmo?
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