Os danos causados pelo preconceito são imensuráveis. Todavia, se pudéssemos fazer um exercício de reflexão liberto dessa proposição não seria por demais imprudente inferir que a letra T no universo LGBT está especialmente vulnerável. Travestis e Transexuais constituem talvez o mais estigmatizado grupo social no mundo ocidental por desafiarem a relação imediata entre corpos e identidade de gênero. Pessoas que não se auto-identificam e não querem ser identificadas pelo “sexo” inscrito em seus corpos colocam na berlinda velhos valores e pressupostos erigidos pela religião e pela visão que condensa história, subjetividades e ciências biológicas.
Evidência disso é que apenas muito recentemente as demandas de Travestis e Transexuais passaram a ser contempladas, não sem ressalvas, pelos movimentos organizados LGBT – o que denota a dificuldade dos paladinos da diversidade diante de uma diversidade muito mais complexa. Se mesmo a militância LGBT ainda tem dificuldades com a compreensão da travestilidade e transexualidade, podemos imaginar o quão difícil é a inserção d@s Ts em sociedades tão resistentes aos “outros” com a nossa.
É nesse contexto – bastante sumarizado – que se revela a importância crucial dos estudos da professora Dayana Brunetto. Se a marginalização de Travestis e Transexuais comumente começa nas famílias, é na escola, espaço de formação institucional, que a exclusão se consagra e se reforça formalmente. É tão-somente pelo estudo dos mecanismos de exclusão que esse processo cruel pode ser combatido, e é justamente esse estudo que realiza a professora Dayana Brunetto.
Em um trabalho de pesquisa rigoroso, inédito, fundamentado teoricamente e sistematizado em um texto objetivo e coerente, a professora Brunetto dá uma enorme contribuição para a reflexão acerca da experiência das e dos transexuais nas escolas brasileiras e nos ajuda a pensar sobre estratégias em prol dessa população.
Sem mais delongas, o trabalho da professora Dayana Brunetto é essencial e de leitura obrigatória não só para educadoras/es, mas também para qualquer pessoa que deseja conhecer mais sobre esse universo tão mal conhecido, interpretado e tratado.
Verônica Silveira
Articuladora Estadual da LBL/SP
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