quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Experiências transexuais na escola

Os danos causados pelo preconceito são imensuráveis. Todavia, se pudéssemos fazer um exercício de reflexão liberto dessa proposição não seria por demais imprudente inferir que a letra T no universo LGBT está especialmente vulnerável. Travestis e Transexuais constituem talvez o mais estigmatizado grupo social no mundo ocidental por desafiarem a relação imediata entre corpos e identidade de gênero. Pessoas que não se auto-identificam e não querem ser identificadas pelo “sexo” inscrito em seus corpos colocam na berlinda velhos valores e pressupostos erigidos pela religião e pela visão que condensa história, subjetividades e ciências biológicas.
Evidência disso é que apenas muito recentemente as demandas de Travestis e Transexuais passaram a ser contempladas, não sem ressalvas, pelos movimentos organizados LGBT – o que denota a dificuldade dos paladinos da diversidade diante de uma diversidade muito mais complexa. Se mesmo a militância LGBT ainda tem dificuldades com a compreensão da travestilidade e transexualidade, podemos imaginar o quão difícil é a inserção d@s Ts em sociedades tão resistentes aos “outros” com a nossa.
É nesse contexto – bastante sumarizado – que se revela a importância crucial dos estudos da professora Dayana Brunetto. Se a marginalização de Travestis e Transexuais comumente começa nas famílias, é na escola, espaço de formação institucional, que a exclusão se consagra e se reforça formalmente. É tão-somente pelo estudo dos mecanismos de exclusão que esse processo cruel pode ser combatido, e é justamente esse estudo que realiza a professora Dayana Brunetto.
Em um trabalho de pesquisa rigoroso, inédito, fundamentado teoricamente e sistematizado em um texto objetivo e coerente, a professora Brunetto dá uma enorme contribuição para a reflexão acerca da experiência das e dos transexuais nas escolas brasileiras e nos ajuda a pensar sobre estratégias em prol dessa população.
Sem mais delongas, o trabalho da professora Dayana Brunetto é essencial e de leitura obrigatória não só para educadoras/es, mas também para qualquer pessoa que deseja conhecer mais sobre esse universo tão mal conhecido, interpretado e tratado.

Verônica Silveira
Articuladora Estadual da LBL/SP

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